Curso de viola caipira do SENAR-SP tem alta demanda

Programa mostra que aprender música não é uma questão de dom, mas de dedicação

Por Henrique Oliveira
Curso de viola caipira oferecido pelo SENAR-SP tem alta demanda

Quem nunca desejou saber tocar um instrumento? Dá para apostar que quase todas as pessoas têm este sonho, mas nem sempre é possível realizá-lo. Além disso, não são todas as localidades do meio rural que contam com uma escola próxima. Pensando nisso, a coordenação do SENAR-SP incluiu no portfólio o curso “Viola Caipira – Noções Básicas”, instrumento que tem tudo a ver com o campo. A adesão é grande. “É um curso que não tem evasão”, revela Maria Angélica Del Arco, coordenadora do Sindicato Rural de Mirassol.

Além de aprender o instrumento, o público tem a oportunidade de valorizar e resgatar a cultura caipira, criar vínculos e até mesmo aperfeiçoar-se para apresentações e recebimento de cachês, melhorando sua renda familiar.

Em 2021, o Sindicato local contou com duas turmas, com média de 12 alunos cada. Os grupos são bastante mistos, homens e mulheres, dos 16 aos 70 anos de idade. O que os move é mesmo o desejo de realizar aquele sonho de aprender a tocar um instrumento. E aquela história de que música só se aprende quando ainda somos crianças, ou que é um dom, cai por terra. “Fiquei impressionada de ver como até mesmo os alunos com mais idade aprendem rápido. No término do curso, todos eles estão tocando igualmente. É emocionante ver a reação deles no momento em que aprendem a tocar a primeira música. Eles ficam felizes demais”, empolga-se Maria Angelica.

Também o Sindicato Rural de Fernandópolis ofereceu o curso de Viola Caipira para duas turmas neste ano, uma com onze e outra com 15 participantes, como revela a assistente do SENAR-SP, Renata Domingos Pereira. Assim como em Mirassol, as turmas também foram formadas por gente de todas as idades e ocupações, incluindo produtores rurais e comunidades locais.

Dedicação

Durante o curso, os alunos aprendem de 4 a 5 músicas tradicionais no cancioneiro caipira, como Menino da Porteira, Nuvem de Lágrimas, A vaca foi para o brejo, Chico Mineiro, Chalana, entre outras. O engajamento é tanto, que surpreende. Marcelo Mendes, 43, tinha tanta vontade de participar que ganhou dos funcionários do Sindicato uma viola para poder continuar treinando.

Renata, do SR de Fernandópolis, cit o caso de Andressa Maria Ribeiro Lopes, 25, produtora rural e funcionária do sindicato, que acabou convencendo o marido, Ivan Kleber Rodrigues Lopes, 29, e o pai, Alceu, também produtor rural, de 57 anos, a fazerem o curso com ela. A jovem gostou tanto do curso oferecido pelo SENAR-SP, que resolveu dar continuidade e atualmente se aperfeiçoa no instrumento em uma escola particular da cidade.

Também de Fernandópolis, o jovem Jean Ravelli, 17, venceu distâncias para realizar seu sonho de aprender a tocar viola caipira. Enfrentou 17 quilômetros de estrada de terra em sua bicicleta para poder fazer as aulas. Jean venceu outras dificuldades: conseguiu comprar um instrumento, mas foi enganado pelo vendedor. No final, acabou sendo presenteado com uma viola pelo professor Francisco “Tito” Ferreira de Souza.

É difícil não se emocionar ao ouvir o grupo de alunos tocando juntos ao final do curso. Neste ano, devido às medidas de isolamento social, as turmas não puderam confraternizar e ter este momento especial com seus familiares presentes. Mas Renata, do SR de Fernandópolis já visa: “Assim que pudermos nos reunir de novo, vamos organizar uma noite especial, bem festiva, com apresentações das duas turmas”, declara.

Via SENAR-SP

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