Avicultura: SENAR-SP oferece cursos de postura e corte em 20 sindicatos

Programas de ensino ajudam produtores a acompanharem novas demandas do mercado

Avicultura: SENAR-SP oferece cursos de postura e corte em 20 sindicatos

As granjas paulistas têm diversos tamanhos e configurações. Espalhadas pelo estado ou reunidas próximo a grandes centros produtores; articuladas em cooperativas ou fornecedoras de grupos empresariais; voltadas à produção de ovos ou de carne. A carne de frango brasileira, aliás, é o 8º produto mais exportado pelo País. De acordo com a Secretaria do Comércio Exterior, vinculada ao Ministério da Economia, nos 8 primeiros meses de 2021 as exportações brasileiras de carne de frango alcançaram os US$ 4,436 bilhões, aumento de 16,87% em relação ao mesmo período de 2020.

“A importância da avicultura é significativa para o desenvolvimento econômico e produtivo do agronegócio. Por diversas razões, é uma área que está em fase de diversificação de mercado e, cada vez mais, são aplicados recursos para a melhoria dos processos”, afirma Fernanda Gonçalves Medeiro, coordenadora do Sindicato Rural de Piracaia.

Se o potencial da área é grande, os desafios não ficam atrás. A tendência da alimentação saudável aumentou a procura por ovos e carne orgânicos, por exemplo. Com isso, os consumidores tornaram-se mais atentos a aspectos como o bem-estar animal e a sustentabilidade ambiental da produção – impulsionando a demanda por produtos como “ovos de galinhas felizes”. Tudo isso impacta nos custos de produção, aspecto também trabalhado pelos sindicatos rurais junto aos avicultores. “A criação de aves necessita de um produtor com múltiplas capacidades. Ele precisa estar atento ao mercado, sanidade das aves, eficiência produtiva, gestão administrativa, liderança, marketing e acompanhar as legislações trabalhistas e ambientais”, resume Cristina Nagano, coordenadora do Sindicato Rural de Bastos.

Crise e prosperidade

São Paulo é o maior produtor de ovos do Brasil e a região de Bastos representa 45,4% da produção estadual – e 11,5% da nacional. O sindicato local representa cerca de 52 produtores, sendo 29 pequenos, 17 médios e 6 grandes, classificados de acordo com a quantidade de aves em postura – pequenos até 200 mil aves, médios 200 mil a 500 mil aves, e grandes acima de 500 mil aves. Este ano, a conjuntura para o produtor mistura aspectos positivos e negativos. “Em 2021 a demanda tem se mantido fraca, devido ao consumidor descapitalizado, mantendo o preço da caixa de ovos muito abaixo do nosso atual custo. Não há demanda internacional, pois ovos comerciais in natura não são exportados”, explica Cristina.

Hoje, o maior desafio do produtor é o alto custo dos grãos – que representa 78% do custo da granja – embalagens e o dólar. O preço do ovo flutua conforme oferta e demanda, e com a variação da caixa entre R$20,00 e R$50,00, os produtores não têm conseguido retorno financeiro. “Isso tudo configura uma das maiores crises recentes na postura de ovos. Hoje, a galinha come em dólar, e bota em real”, sintetiza a diretora do Sindicato de Bastos. A percepção é reforçada por Silvia Merlin Cintra, coordenadora do Sindicato Rural de Conchas. “Com o elevado preço das commodities de milho e soja muitos granjeiros estão desistindo da atividade. O grande desafio é conseguir desenvolver uma alimentação alternativa a esses insumos para as aves, e muitas pesquisas estão sendo desenvolvidas nesse sentido”, afirma.

Apesar do atual estrangulamento nos balanços, o segmento das galinhas e ovos caipiras é mais promissor em razão da demanda de centros urbanos e dos preços de venda mais elevados. Sistemas de produção de ovos e carne com aves livres de gaiolas (poedeiras) e acesso à área externa de pastagem oferecer boas oportunidades. Porém, ingressar neste mercado requer dedicação e o cumprimento de uma série de normas. “Tem havido grande interesse de produtores na produção de ovos e frango de corte no sistema caipira comercial, devido ao aumento da demanda por esses produtos no mercado. Muitos pequenos produtores desejam ingressar na atividade, mas esbarram nas questões legais para a obtenção do registro sanitário para a comercialização de seus produtos”, diz Silvia. Este cenário é comum no município de Conchas. “A região se caracteriza pela presença de produtores individuais integrados às empresas grandes integradoras da cadeia de carne ou de ovos. Outra grande parte é de pequenos produtores que produzem ovos e frangos no sistema caipira tradicional, sem apoio legal e com dificuldades para a comercialização, sendo os produtos utilizados para autoconsumo familiar e pequena geração de renda a partir do excedente”, diz a coordenadora.

Cursos do SENAR

Produtores de diferentes dimensões e em diferentes locais do estado se beneficiam dos treinamentos oferecidos pelo Sistema FAESP/SENAR. O curso Avicultura Básica é oferecido nos sindicatos rurais de Areias, Boituva, Botucatu, Caiuá, Cajuru, Franca, Conchas, Guaratinguetá, Indaiatuba, Lavínia, Mirante, Mococa, Mogi das Cruzes, Monte Mor, Pardinho, Presidente Epitácio, Queluz, Santa Fé do Sul, São José do Rio Preto e São Paulo. O curso mescla conteúdos teóricos e práticos, e atende tanto produtores já estabelecidos quanto aqueles que querem começar a trabalhar na área. “São discutidos temas como manejo, instalações, ambiente e nutrição, áreas nas quais os produtores podem encontrar dificuldade”, diz Fernanda.

Além do curso generalista, são oferecidos dois específicos. O curso de Avicultura de Postura é voltado para o sistema industrial de produção de ovos – galinhas de gaiola ou de piso – com três dias de teoria e dois dias de prática, sendo ofertado em Conchas, Franca, Pardinho, Piracaia e Santa Rita Passa-Quatro. Já o curso de Avicultura de Corte atende o sistema industrial de produção de frango de corte, com dois dias de teoria e um dia de prática. O público-alvo são produtores integrados ou que desejem se integrar e funcionários de integradoras. Os sindicatos de Conchas, Nuporanga e Santa Rita Passa-Quatro contam com o treinamento. Custos, sanidade e alimentação animal e comercialização são temas abordados em ambos os treinamentos.

Em Bastos, o Sindicato Rural terá seus cursos reformulados para 2022, de forma a atender de maneira direcionada as necessidades dos produtores locais. “Os cursos oferecidos pelo SENAR são de extrema importância para nosso sindicato, pois além de capacitar os associados, capacitam também seus funcionários e o nosso município”, afirma a coordenadora local. Os avicultores de Piracaia também podem esperar novidades para o ano que vem. “Realizaremos mais capacitações nessa área, possibilitando multiplicar conhecimentos e incentivar mais produtores e trabalhadores a entrar nesse ramo, e possivelmente ver os trâmites legais para a junção de uma associação ou cooperativa”, projeta Fernanda.

Fonte: SENAR-SP

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